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Tuesday, October 5, 2010

Bolinhas no ar...



O crear de bolhas, embora um gesto repetitivo, nunca falha: cada bolha tem sua própria personalidade, sua própria maneira de ser, o seu carisma e seu tempo. Ultimamente andei observando, não é por acaso que um dos únicos brinquedos que realmente permaneceram intactos ao longo do tempo são as bolinhas de sabão. A magia e o mistério ainda permanecem a coisa mais atraente para o homem. Quantos por profissão foram chamados para criar belos objetos, mais cedo ou mais tarde eles se encontram no fascinante universo das bolhas, um símbolo de leveza e transitoriedade, de vaidade e de morte. Em uma bolinha que desaparece no ar se substitui com outra que sai lentamente do canudo. Canudo de caneta bic, de talo de mamona, canudo de tudo quanto é jeito!Os pintores que a representaram em todos os países do mundo, inevitavelmente, têm sido forçados a esboçar uma certa melancolia nos olhos de quem joga o fôlego dentro da bolha: olhos que assistem ao nascimento, vida e morte de algo muito parecido com eles. E quando se quer criar um objeto perfeito e elegante, irracionalmente se pensa na bolha.
 O mundo da moda é talvez o mais próximo ao da bolha de sabão: uma temporada anula a outra, um vestido feito para apenas uma noite, somente para uma ocasião, tecidos que se iluminam com o reflexo das jóias, cores que mudam com as sombras, com o humor de quem usa. Um estilista não desenha bolhas de sabão, encaixa alfinetes e custura laços com extrema graça, alimentados apenas por uma vocação. Um detalhe errado, um botão que não cai bem, um babado supérfluo podem acabar na mesma hora com um longo e trabalhoso momento de criação, como as bolinhas de sabão!

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